Uma semana de querer e crer!
Este jogo com o Nacional foi impróprio para cardíacos. Por vicissitudes da minha vida pessoal, desta vez tive que ouvir o relato e, digo-vos, que é muito pior do que ver o jogo ao vivo. Os lances são narrados com uma vibração que nos sobressalta e apenas temos algum descanso para respirar tranquilamente quando surgem os anunciantes que nos acalmam os espíritos.
Entretanto, já vi o jogo, o que me permite atestar que vitória foi a ferros, mais do que justa, com 31 remates em 90’, dos quais 8 enquadrados. Uns não foram golo por inépcia, outros por imperícia, escassos por infelicidade. A somar a isto, uma oferta infeliz, a proporcionar um golo de oportunidade, mas que deixou numa intranquilidade que apenas o querer e crer suplantaram. Desta vez, os heróis foram Prestiani e Scheldrup, dois “patinhos feios” que muito se esforçam para Mou neles apostar. Mas a equipa, como um todo, bem justificou o comentário eufórico de Mou (“isto é o Benfica, c…”) que o Marketing saberá seguramente explorar.
De Amesterdão, já tínhamos trazido os 3 pontos, contra um fraquinho Ajax, a atravessar a sua época de horror, com uma exibição assim-assim, onde a equipa para além da raça (o tal querer e crer), pouco mais demonstrou. A bola parecia que “picava” durante grande parte do jogo, aparentando que os jogadores tinham nos ouvidos as palavras de Mou, proferidas publicamente após o jogo contra o Atlético: “ ao intervalo, se pudesse, tirava 9”.
Quer se queira, quer não, esta frase ficou no balneário, entre outras a sugerir enormes varridelas no plantel. Mou bem se explicou ser “o paizinho a dar ralhares”, mas duvido muito que tenha sido essa a interpretação da maioria dos jogadores, no intervalo dos jogos entre Atlético e Ajax. Seja como for, suceda o que ainda venha a acontecer, o resultado contra o Ajax e, sobretudo, a forma como a vitória no Nacional foi conseguida, trouxeram novos horizontes ao futebol benfiquista, em vésperas do jogo contra o Sporting.
Finalmente, teremos uma semana até ao jogo contra o Sporting a 5 de dezembro, a treinar com a motivação de uma vitória arrancada a ferros na Choupana, que recoloca a equipa na disputa do campeonato. Perdemos 6 pontos na ponta final de 3 jogos na Luz, ganhámos agora 3 que seguramente trarão uma confiança que já escasseava e que surge muito reforçada (relembro que uma derrota na Madeira significaria o soçobrar de uma época, por muito injusta que fosse).
A expectativa é enorme, a confiança redobrada entre a equipa e os adeptos agora reconciliados com vitórias que são bálsamo de alma, permitem-nos a todos acreditar que a embalagem das vitórias será confirmada contra o Sporting. Para tanto, também o ambiente dos Sócios à volta da equipa e treinador tem de acompanhar a tranquilidade de que precisam, sendo absolutamente desnecessário e lamentável que uns quantos, venham cobrar escassos erros individuais a quem muitíssimo acerta.
Apontamentos
A. João Félix perdeu uma belíssima ocasião para ficar calado. Num afã de se desculpabilizar perante o mundo benfiquista por ter optado lugar por jogar na Arábia Saudita a troco de muitos sacos cheios de dinheiro (na televisão ouvi 12 milhões Eur limpos por ano), veio dizer de forma leviana que o Benfica não fez um esforço suficiente para o contratar (quando Rui Costa até terá chegado a 35 milhões Eur). Todos ouvimos, registamos e… não esqueceremos.
B. A transmissão dos jogos de futebol tem muito que se lhe diga. Agora, lemos que, na Bélgica, a DAZN rescindiu o contrato de transmissão anual, porque transmitir com prejuízos não faz parte do ADN da empresa. O valor anual era de 84 milhões de euros. Será que, por aqui, com o centralismo do nosso futebol, alguém acredita que sem uma profunda remodelação competitiva, os futebóis lusitanos são o negócio que Proença ilusoriamente pretendeu fazer crer?
Manuel Boto
Socio 2.794