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Uma semana complicada!

Uma semana complicada!

Se Rui Costa acreditava no passado dia 8 de novembro que poderia ter 2 semanas calminhas a saborear a clara vitória eleitoral, enganou-se redondamente. O empate contra o Casa Pia, soube a fel e as consequências fizeram-se sentir ao longo da semana que passou.

Se as derrotas são tragédias no Benfica, empates como o que foi cedido, sobretudo da forma como o foi, causou tormenta pior que a “Cláudia” que a todos fustigou durante a semana. Assim, de repente, eis uns quantos “trovões”: 

(i) António Silva, logo a seguir ao jogo, disse o que todos viram – a bola bateu na mão na sequência de um ressalto e insurgiu-se com razão, admitindo a possibilidade do condicionamento do árbitro. Foi o suficiente para a APAF vir pressurosamente apresentar uma participação contra o jogador por declarações injuriosas e ofensivas contra o atingido Gustavo Correia – e o impressionante é que nem notam o ridículo em que se colocam; 

(ii), Mário Branco esqueceu-se de que está no Benfica e terá, ao que consta do relatório do árbitro do jogo contra o Casa Pia, perdido completamente a cabeça ao mimosear o Gustavo Correia e o VAR (João Bento), com ameaças e arriscando pesada sanção. Tristes cenas, despoletadas por um “erro grosseiro” da equipa de arbitragem, apenas mais um a juntar a uns quantos ocorridos ao longo deste campeonato noutros campos e que certamente pesarão nas contas finais do campeonato; 

(iii) também o treinador Mourinho foi de imediato colocado em cheque, com múltiplas afirmações perentórias de que se encontra ultrapassado, complementadas com sucessivas análises bem críticas sobre a competência ou falta dela da equipa e da estrutura que a planeou (diga-se que muitas são bem pertinentes); 

(iv) até Lage se lembrou de dar sinais de vida, perorando em tom condescendente sobre Mourinho, esquecendo a regra básica de que nunca se fala dos locais de onde se saiu ou dos treinadores que lhes sucederam; 

(v) a terminar, o CM veio aventar a possibilidade de o Benfica investir cerca de 200 M euros em janeiro com identificação das carências do plantel, como se o petróleo jorrasse na Luz.

Porque quando “as coisas correm mal, diz-se que tudo vai correr mal” (adaptado da Lei de Murphy) e a compor o ramalhete, ainda tivemos as lesões de Sudakov (lesão “muito grave” disse o selecionador da Ucrânia) e de Pavlidis que saiu no jogo da sua Seleção com queixas no joelho. Problemas ou não, logo veremos, mas pelo menos o próximo jogo será com o Atlético, coletividade onde despontou o saudoso Germano, relembrando duelos antigos que eu assisti (saudades ai, ai!).

Regressando ao essencial, creio que na embalagem eleitoral, Rui Costa poderia (deveria?) ter dado uma entrevista de fundo. Serviria para marcar o início de mandato, ofuscava a tormenta que o famigerado empate suscitou e marcaria o ritmo para os próximos tempos. Não o entendeu fazer, ele e a sua equipa la saberão os “timings” com que se cozem, mas perdeu a oportunidade de ocupar espaço mediático (que os nossos rivais bem aproveitaram para marcar território).

Entretanto, esta semana, a única notícia que transpirou de dentro do Benfica foi o anúncio do lançamento do Benfica District. Se Rui Costa perdeu uma bela ocasião para falar, com este anúncio, o Benfica perdeu uma boa ocasião para ficar caladinho. Sei bem que foi promessa eleitoral, mas os "timings" das suas realizações têm de ser ponderados com as realidades conjunturais e esta que hoje vivemos não pode ser mais desfavorável. Ou talvez seja por isso mesmo que foi anunciado, visando desviar a atenção dos Sócios e adeptos para matérias que pouco lhes dizem, talvez acreditando que esta notícia os vá entretendo. Aqui fica o meu conselho aos dirigentes recém-eleitos: concentrem-se mas é no essencial, o futebol no imediato e, logo a seguir no indispensável aumento da capacidade do Estádio. Deixem de lado o folclore, porque todos os euros hoje contam ou arriscaremos a ficar para trás por demasiado tempo.

Manuel Boto (Sócio nº 2.794)