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O futebol a embalar as eleições!

 O futebol a embalar as eleições!

Quem é que disse que o sucesso ou insucesso do futebol (profissional) será irrelevante para o resultado das eleições? Uma utopia completa, dado ser absolutamente determinante, tamanha a paixão com que os adeptos do futebol o vivem. Era assim há mais de 50 anos quando comecei a perceber esta realidade e parece que nada mudou. No Benfica, continua a ser uma realidade irrefutável e, obviamente, Rui Costa também o sabe ao contratar Mourinho a um mês das eleições.

O sorriso dos benfiquistas está diferente desde o jogo nas Aves. Uma 1a parte que se pareceu com as exibições características do tempo de Lage, um treinador (Mourinho) ao intervalo a mexer na equipa, na cabeça e no posicionamento dos jogadores, e uma 2a parte que nos deixou a acreditar em melhores tempos, pelo menos até ao jogo do Chelsea e a seguir FC Porto. 

Li um artigo de Diogo Luis n’ A Bola sugerindo que Rui Costa poderá ter atrasado a decisão de substituir Lage para um timing que lhe fosse mais propício, como este, exatamente a pensar no efeito nas eleições, caso as coisas corressem mal neste princípio de época. Sinceramente, não acredito, do pouco que conheço de Rui Costa, que até já confessou a sua impreparação para Presidente quando “foi obrigado” a tomar posse em julho de 2021. Seria demasiado grave que o tivesse feito (ou sequer pensado) pelas nefastas consequências dessa opção e prefiro pensar que foram as suas hesitações em tomar decisões drásticas, porque, neste e noutros aspetos, continua realmente impreparado. 

Passemos adiante e falemos sobre o hoje porque o passado fica no Museu (Cosme Damião). O ânimo é diferente, sobretudo dentro do balneário, porque os jogadores sentem um nível de liderança que antes não existia e a crença transmite-se para os Sócios. Continuemos assim e as oposições a Rui Costa, por muitas táticas de louvores a Mourinho que apregoem, sentirão a vida a andar para trás no que toca a eleições, tão depressa quantos mais pontos Mourinho somar.

Falta sensivelmente 1 mês para o ato eleitoral e, desde há muito, será este o momento em que Rui Costa começa a acreditar que pode ganhar as eleições. Um sentimento e confiança construídos unicamente na opção de contratar Mourinho, apesar da “impreparação” e de demasiados e óbvios erros na gestão desportiva durante estes 4 anos, mesmo contra um LFV que lhe vem dando tratos de polé quando abre a boca e Noronha com quem já se envolveu numa troca azeda de acusações que não dignifica nenhum. Quanto aos restantes, creio que sinceramente as hipóteses se vão reduzindo e deveriam pensar se vale a pena irem a eleições.

Manteigas é, indiscutivelmente, um ativo do Benfica. Ponderado nas afirmações, tem uma garra invejável nas suas crenças, as suas ideias têm acolhimento entre uma faixa de adeptos, sobretudo mais jovens, mas não acredito ser o seu timing. Mayer tem as origens benfiquistas, tem equipa de valor, mas tem-lhe faltado o carisma para se impor entre os Associados. Jovem, tem igualmente o tempo pela frente e deveria resguardar-se para o futuro. Carvalho, entre tiradas populistas e propangandistas, perdeu há muito o pé perante os Sócios e a sua continuidade na corrida é perda de tempo e malbaratar dinheiro. Nisto tudo, só me falta ponderar as vaidesses pessoais e, nessas matérias, porque os desconheço, nem me pronuncio, ficando expectante sobre as respetivas decisões.

Sobram, entre os designados opositores, LFV e Noronha Lopes. Sobre LFV, já muito escrevi e algo mais direi a seguir, porque se intrometeu inopinadamente numa corrida a que deveria assistir, enquanto antigo Presidente. Quanto a Noronha Lopes, anunciou recentemente um nome de peso no mundo empresarial, José Theotonio, para seu CFO. Com um passado irrepreensível, profissional de elevado gabarito, surpreendeu muita gente esta sua aceitação para incorporar uma lista. De resto, Noronha Lopes vai fazendo o seu caminho, mostrando-se nas Casas do Benfica por todo o país, quiçá não entusiasmando, mas seguramente não desiludindo. Parece ser a alternativa mais consistente e com melhor penetração entre os Sócios, a legitimar aspirações.

Porque gosto de escrever o que penso, devo referir que, idealmente, estas eleições deveriam ter apenas 2 candidatos. O incumbente (Rui Costa neste caso) e um opositor - quem estivesse melhor colocado para ser alternativa às políticas dos últimos 20 anos, marcadas por um rácio insuficiente de sucessos, considerando as estatísticas de vitórias no futebol profissional (dado que, em minha opinião, as modalidades, o futebol jovem e o facto do Seixal ser uma das melhores Academias do Mundo, senão mesmo a melhor como já vi escrito, nada contam para este filme eleitoral).

Mas não irá ser assim, também porque LFV entrou na corrida, no que acredito ser pelos piores motivos, ou seja, por raivas pessoais contra o legado que deixou e escolheu, embora acreditando sinceramente que apenas com ele o Benfica terá futuro, sentindo-se legitimado pelo que acredita ser um percurso presidencial de mais de 20 anos, que rotula de sucesso. As suas mensagens são repetitivas, centradas no Tetra enquanto trunfo eleitoral e prometendo um Penta como sonho. Se a sua mensagem passa ou não, veremos, mas será mais um exemplo flagrante de como o atual sucesso do futebol lhe pode causar mossa nos seus planos, porque aqueles que querem mudança, seguramente votarão em quem se opuser à dupla RC/LFV.

Em conclusão, pelas afirmações peremptórias daqueles que têm intenções de concorrer à presidência do SL Benfica, iremos ter, pelo menos, 6 candidatos (se, entretanto, não aparecer mais algum a ousar intrometer-se). Será um luxo poder contar com tantas alternativas, como se pudessem apresentar assim projetos tão diferentes? Para mim, seguramente um absurdo!

Manuel Boto (Sócio 2794)