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Tempos difíceis, opções dificílimas!

 Tempos difíceis, opções dificílimas!

As últimas horas foram dolorosas, desportivamente falando. A perspectiva da possibilidade de derrota contra o Qarabag começou, para mim, quando ao intervalo refleti sobre a queda vertical da condição física da equipa nos últimos 15’ da primeira parte. Arrisquei partilhar opinião com alguns amigos, via WhatsApp, onde nada de bom antevia para a segunda parte, pelo facto da equipa estar “de gatas”, caso não marcássemos até aos 55’. Marcaram eles e o resto todos sabemos.

Lage foi o culpado? Claro que foi muito culpado porque a somar a exibições dececionantes nos últimos jogos, persistiu nas suas opções e, para este jogo em que ganhar era o mínimo exigível, escolheu jogadores menos frescos, cansados pela sucessão de jogos pelo que não surpreendeu e que a criatividade fosse condicionada pela condição física. No banco, Lage fazia um estardalhaço daqueles que já ninguém o ouve, a começar pelos jogadores. O exemplo gritante do desnorte foi a chamada de João Rego depois dos 80’ vindo diretamente da equipa B, talvez por não renovar, qual salvador da pátria nos últimos minutos. Com o 2/3 nem entrou.

Falar do passado, do que se deveria ter ou não feito é, agora, absolutamente irrelevante. Se Lage tem culpas largas no cartório, Rui Costa ainda tem mais. Não vou “chover no molhado” a repetir o que já disse e aqui escrevi sobre os vários erros de Rui Costa enquanto Presidente, sobretudo porque sendo hesitante na tomada de decisões, se poderia ter rodeado de quem tivesse experiência de gestão e habituado a tomar decisões. Nunca o quis fazer, está hoje embrulhado na realidade do despedimento de Lage ter sido comandado de fora para dentro.

A 1 mês das eleições, nem vale a pena pensar em antecipar as mesmas. Estão bem marcadas a 25 outubro e Rui Costa tem de tomar a decisão. Um craque como treinador ou um interino para que a seguir as eleições quem vier que decida. A segunda hipótese que já ouvi defendida por Manteigas pode ser muito democrática em vésperas de eleições, mas é suicida porque tudo poderemos hipotecar até 25 outubro. Sobra a primeira hipótese, daí a não-surpresa de se falar de Mourinho, um nome inquestionável no futebol, com perfil de sucessos até largos anos atrás, mas recentemente a colecionar despedimentos porque o futebol evoluiu imenso e os insucessos sucedem-se.

Ao escrever estas linhas, desconheço se Mourinho será de facto a escolha de Rui Costa, como se anuncia aos “quatro ventos”. Ou se este irá para uma terceira hipótese, tirando um “coelho da cartola”, através do beneficio do seu vasto conhecimento do mercado internacional e dos largos anos que esteve em Itália, a jogar ao mais nível, com um prestígio que perdura. Como não acredito que seja capaz de rasgos ousados, sobra a hipótese do craque como treinador. A confirmar-se Mourinho, discordando do princípio da sua contratação, dado (1) os recentes insucessos serão seguramente mais do simples coincidência e porque (2) as suas equipes aparentam privilegiar uma contenção incompatível com o Benfica que sempre fez gala de ter um futebol ofensivo e atrativo, quero deixar claro que no dia seguinte a assinar será o meu treinador e espero que demonstre a sapiência que os seus honorários indiciam. 

Uma nota final: não esqueço a saída de Mourinho do Benfica, imediatamente a seguir aos 3-0 dados ao Sporting. Uma noite muito longa com Vilarinho e escassos outros a discutir as razões que aquele explanava, defendendo a sua imediata substituição. Tínhamos todos menos 20 anos, sangue na guelra não nos faltava, a começar por Mourinho como o futuro demonstrou à evidência, ponderação não abundava, tal como hoje por circunstâncias diferentes. O passado relembrado nunca se esquece, mas temos de ter a inteligência de saber ultrapassar as feridas que o tempo sarou, quando os fins assim o justificam.

Manuel Boto (Socio 2794)