Será que o campeonato ficou “por um canudo”?
Tal como Mou dizia na antevisão do jogo, o jogo em Braga seria UMA final. Nunca poderia dizer que seria A final, dado o atraso pontual com que provavelmente ficaria se os adversários diretos para o título ganhassem (as probabilidades eram todas a favor perante adversários teoricamente acessíveis em casa). Citou diversas outras finais recentemente jogadas, em que tivemos o mérito de ganhar como prova de confiança, mas não correu tão bem como todos desejávamos.
Comecemos por dizer que apesar de fazermos com mérito o 0/1, a primeira parte pertenceu ao Braga que teve a felicidade de aproveitar (mais) 2 erros defensivos em zonas proibidas, um a originar um pênalti, outro um golo excelentemente executado. Ao intervalo, muitos dos meus amigos estavam profundamente céticos numa reviravolta no resultado, por mais que eu afirmasse a minha profunda crença na capacidade de leitura de jogo do treinador e no coletivo.
A segunda parte deu-me razão integral, um golo de Aursnes, algumas oportunidades perdidas e um golo muito mal anulado por pretensa falta de Rios sobre um defesa que se atirou para o chão quando sentiu um toque e que confirmaria o 2/3. Infelizmente, pusemo-nos a jeito de erros de arbitragem ao cometermos 2 erros contra uma bela equipa como é o Braga. Esta a realidade nua e crua, apesar da ênfase de Mou na conferência final ao referir “ironicamente” numa difícil vitória por 2/3.
Este campeonato apenas ficou mais difícil por este empate, apenas porque foi mais um a somar aos 3 da Luz contra equipas teoricamente acessíveis que cavaram a distância para os primeiros (empates contra FC Porto e Sporting são resultados normais, tal como este em Braga). A maioria diz impossível, com base num racionalismo pragmático de ser impossível recuperar 10 pontos ao FC Porto (admitindo a certeza da vitória hoje sobre o AVS) e 5 pontos ao Sporting. Talvez tenham razão ou talvez não. Um coisa eu sei: até ser matematicamente impossível, a nossa obrigação é lutar por todas as vitórias em todos os jogos e competições e isso, tenho a absoluta certeza de que o iremos fazer.
Mas vamos à questão de fundo: no futebol, a importância do planeamento é crucial. Rui Costa está a iniciar novo mandato (relembro que estive na lista opositora de Mayer) com equipa totalmente renovada e temos de acreditar que optou pela competência para todos os lugares que preencheu. Muitos desta lista, eu conheço profissionalmente em outros lugares e tarefas que não o futebol e acredito que também sejam tão competentes e profissionais no Benfica como eram cá fora. Agora uma coisa é certa: o Benfica não pode andar a mudar sistematicamente de treinador e gestores no futebol. Estes que chegaram há pouco mais de 100 dias, herdando plantel que não escolheram, merecem ter tempo, também para planear.
Dizem-me que no Benfica não há tempo. Dizem-me que isso de tempo é coisa de ingleses, porque no Benfica, não ganhar é uma tragédia e eu até concordo. Mas para ganhar com consistência e não episodicamente como presentemente acontece com o Benfica - 1 campeonato em 6 anos (serão 7 este ano, se…) e sem uma Taça de Portugal desde 2017 - ou estruturamos com planeamentos a prazo, ou veremos aqueles que planeiam ganharem muito mais vezes do que nós.
Nota final
Dia 3 de janeiro irá haver uma Assembleia Geral para se aprovar (ou não) o projeto “Benfica District”. Já aqui o referi de que o investimento no Estádio é prioritário até porque é claramente rentável pelo retorno assegurado e o resto são sonhos, a pretexto de majorar as receitas.
Fala-se em 200 M euros, eu imagino derrapagens significativas, de retornos duvidosos (as folhas de Excel permitem todos sonhar). Mas os riscos de endividamento excessivo são claros e as respetivas consequências imprevisíveis, podendo até passar por alienações de capital como forma de solver dívidas.
O “core” é o futebol e hoje a prioridade tem que ser o regresso a um passado sustentadamente vitorioso. Porque não se limitam a colocar à votação o aumento da capacidade do Estádio e adiam as megalomanias visionárias?
Manuel Boto (Sócio 2794)