Um Natal em 3º lugar!
1. No último artigo formulei o desejo de ganhar os jogos contra Farense e Famalicão, como forma de passar o Natal tranquilamente. De imediato, um dos amigos que tem a pachorra de me ler, referiu com pertinência que, no absurdo de estarmos a 8 pontos do líder e a 3 do Sporting, jamais poderíamos falar de tranquilidade.
Claro que objetivamente esse meu amigo tem razão. Mas como a realidade é esta, o importante é garantir agora as vitórias e não permitir que as distâncias se dilatem acreditando que melhores dias virão na segunda metade da época. E a equipa cumpriu na perfeição os meus desejos, eliminando o Farense e derrotando o Famalicão (que ainda não tinha perdido para o campeonato fora de casa). Os jogos não foram tão entusiasmantes como alguns do campeonato inglês, mas os tempos requerem algum pragmatismo e neste aspeto a equipa foi brilhante. Mou, com plena propriedade e após o jogo contra o Famalicão, deu azo ao pragmatismo que hoje é primordial e salientou a consistência e coesão da equipa que renderam os 3 pontos.
Os adeptos do Benfica querem mais? Seguramente! Desde que me conheço que o adepto comum não se contenta com os 3 pontos. Exige exibições com brilhantismo, condizentes com os valores investidos nas aquisições e pagos aos nossos atletas, o que tem escasseado nos últimos tempos. Mas a diferença pontual que deixámos os nossos adversários diretos acumular, não permite qualquer folga e todos os jogos têm sido e serão finais. Como para já temos saboreado os 3 pontos desde o empate infelizmente cedido contra o Sporting, a crença em melhores dias continua a ser o sustentáculo do apoio.
Vamos lá então para o Natal, sabendo que logo a seguir vem o Braga fora de casa, um jogo muito difícil que teremos de vencer (e acredito que vamos vencer). A todos os que me leem neste blog, os meus sinceros votos de um Santo Natal.
2. Por princípio, não gosto de falar de arbitragens, mas quando se começa a notar um claro padrão, tenho forçosamente de abordar o tema. Tudo isto a propósito do derby do futebol feminino em que só posso lamentar as oportunidades que perdemos que davam não só para ganhar o jogo como para prevenir quaisquer erros “fortuitos” de arbitragem que infelizmente sucederam, com prejuízo claro do Benfica. Fica na memória, sem qualquer esforço, a anulação de um golo por pretenso off-side que o VAR não corrigiu e um pênalti absolutamente controverso que proporcionou o empate no final, em que a árbitra e o VAR descortinam num lance confuso uma rasteira que não se vislumbra em qualquer repetição.
Se adicionarmos a isto o que recentemente todos vimos na final da Taça de Portugal com clara influência na determinação do seu vencedor e, recentemente e por 2 vezes, se passou nos Açores com as visitas do Sporting para o campeonato e para a Taça de Portugal, com erros grosseiros de arbitragem e “por coincidência” a beneficiar sempre o Sporting, entendo que os comunicados do Benfica expressando uma mais do que justa indignação se justificam plenamente. Só que pecam por defeito, porque não abordam o problema estrutural, talvez por reconhecimento de culpa num apoio precipitado a Proença na eleição para a FPF que proporcionou um inusitado domínio total do futebol português pela arbitragem.
Aqui nasceu um erro de estratégia que pessoalmente considero ter sido crasso e que não sabemos por quanto tempo irá perdurar. Estou convicto de que, pelo menos no curto prazo, este tipo de erros grosseiros de arbitragem, incluindo os do VAR, dificilmente se repetirão. Mas os que já sucederam já tiveram influência determinante e, no final, constataremos se houve consequências para a atribuição nos títulos desta época.
3. Uma nota final para um trabalho fantástico a que poucos ou nenhuns deram o merecido relevo e que recentemente se desenvolveu no Benfica, sob o patrocínio de Manuel Brito (também certamente do Conselho Fiscal anterior) e que se traduziu na elaboração de um exemplar Relatório de Sustentabilidade. Creio não errar ao dizer que o Benfica foi pioneiro nestas matérias de ESG (Environmental, Social and Governance) nos clubes desportivos, conceitos cada vez mais importantes na Sociedade de hoje, e isso pode não valer títulos imediatos no futebol ou nas modalidades, mas confirma que o Benfica lidera as melhores práticas empresariais.
PS. Este fim-de-semana comprovou que (1) felizmente o basquetebol do Benfica arrepiou caminho, depois da eliminação pelo Braga na Taça de Portugal, ao ganhar com brilhantismo ao FC Porto (91-65) e conquistou a Supertaça e (2) o andebol (nova derrota contra o Sporting por 29-37) tem um longo caminho a percorrer para voltar aos títulos nacionais, de onde há demasiados anos andamos arredados e, obviamente que não pode ser por acaso; como competir por lugares secundários jamais pode ser a matriz do Benfica, qualquer que seja a modalidade, há muito que refletir.
Manuel Boto - Sócio nº 2794