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O pós-derby ou como as eleições deixaram feridas…

 O pós-derby ou como as eleições deixaram feridas…

O derby terminou justamente empatado e uma certa descrença instalou-se no imediato entre os Sócios e adeptos do Benfica, apesar de nos deixar à mesma distância do rival e a consideráveis (talvez) 8 pontos do FC Porto, bem recordados de como no ano passado e com igual resultado selámos a perda do campeonato. Estamos na 13a jornada, faltam 21, e demasiados arautos da desgraça prenunciam a perda definitiva do título, entre invetivas a Mou dado como pouco ambicioso e/ou absolutamente ultrapassado. 

Recordemos que este período pós-eleições tem sido extremamente complicado do ponto de vista desportivo (refiro-me ao futebol profissional, afinal o “core business” que tudo move) e isso reflete-se nos múltiplos comentários que vão proliferando em certas redes sociais e em diversos grupos de WhatSApp. Os resultados menos favoráveis têm sistematicamente originado, sobretudo por parte de adeptos de algumas facções derrotadas, críticas contundentes à equipa e ao treinador Mou e os favoráveis não são olhados como promessas de melhores dias em que, diga-se, eu profundamente acredito.

Sendo leigo no futebol para todos quantos jogaram à bola, a minha sapiência provém de ver muito jogo há mais de 60 anos, o que considero ser base fundamentada para afirmar a minha crença no resto da época. O facto de ter pertencido à lista de Martim Mayer, por acreditar no seu projeto como sendo o melhor e por discordâncias profundas com a orientação do clube na última década, não me transforma num opositor sistemático e descrente das potencialidades da nossa equipa principal de futebol.

Reconheço insuficiências, estruturais e incompreensíveis na composição do plantel, até para as necessidades do futebol indígena quanto mais do europeu, mas sempre com o “copo meio-cheio e jamais meio-vazio”, percepciono hoje claras melhorias competitivas na equipa, muito potenciadas por um Rios pleno de força e por um Sudakov pleno de classe. Se janeiro trouxer umas mais-valias que certamente Mou já identificou para aqui se encontrarem logo no dealbar do mês, se recuperarmos plenamente jogadores lesionados como Lukebakio e Manu Silva ou até Bruma e Bah, acredito piamente que a época ainda nos trará muitas alegrias.

O jogo contra o Sporting foi bem o espelho da equipa. Um início fraco, uma oferta que Pote não desperdiçou, os nervos que a adversidade do resultado causou na equipa, um golo redentor a iniciar-se num passe fabuloso de Rios que depois Sudakov marcou. A partir daqui, outro jogo, um Sporting que não fez qualquer remate depois dos 26’, um jogo bem fechado por Mou que não destrancou na 2a parte, porque nos faltou, aqui, uma ponta de sorte, e acoli, alguma falta de classe.

Mas vi uma equipa a lutar, vi uma equipa unida a tentar fazer que sabe e pode, o suficiente para crer em significativas melhorias a curto prazo, quiçá já contra um Nápoles para a Champions. Só precisamos todos de acreditar e é absolutamente desnecessário manter vivas lutas que em períodos eleitorais mais do que se justificam, mas agora só nos enfraquecem e nos prejudicam enquanto coletivo. Uma certeza eu tenho: todos queremos só vitórias. Como o caminho se faz caminhando, eu acredito que estamos no bom caminho.

PS. Lançar agora o Benfica District, ao abrigo do cumprimento de promessas eleitorais e com o argumento de que precisamos de diversificar fontes de receita, quiçá como fator de distração dos resultados, não me parece nada boa ideia e só potencia divisões. Uns quantos, como eu, consideram o timing mais do que inoportuno para nos metermos em aventuras de mais de 200 milhões Eur (quiçá uns 300 milhões Eur) mesmo em “Project Finance”, quando a prioridade dos investimentos deveria ser o futebol (incluindo aqui o investimento crucial no Estádio). Outros, talvez a maioria, até considere uma excelente ideia porque sim, leia-se porque a Direção propõe. Só que as faturas virão depois e as consequências imprevisíveis.

Manuel Boto
Sócio 2794