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Bons resultados, maus presságios?

 Bons resultados, maus presságios?

1. Uma semana em cheio de sucessos desportivos no futebol profissional… se quisermos ser redutores e encarar apenas os resultados como única realidade, não poderia correr melhor. Despachámos o Nice com limpeza, com uma exibição qb perante um adversário hoje apenas sofrível, e ganhámos ao Estrela com uma constelação de estrelas (passe o trocadilho), daquelas que a continuar assim, prenunciam um campeão.

Se formos um pouco mais a fundo na análise de ambos os jogos, vimos que contra o Nice demos os primeiros 10’ de cada parte de avanço e depois veio ao de cima a indiscutível superioridade e, contra o Estrela, a vulgaridade foi o timbre dos 90’ em que nunca vincámos qualquer superioridade. Se tivemos boas chances, eles também tiveram, quiçá até mais flagrantes. Mas também vimos os craques que custaram ou dizem valer milhões serem por demais suplantados por jogadores francamente menos cotados que aproveitaram bem a oportunidade para mostrarem que podem ser também mais-valias.

No final, Lage, veio explicar que vestimos o “fato de macaco”, fomos equipa sólida e aguerrida e trouxemos 3 pontos. Uma versão comunicacional, bem urdida pela equipa de profissionais que o assessora nesta frente. O problema, ou pior, os problemas, é que todos ficámos com receio que este “fato de macaco” seja o nosso “fato de gala” e que, mais uma vez, o plantel seja demasiado curto para uma época de cerca de 55-60 jogos, dado que Lage, perante o claro ascendente do Estrela a seguir ao golo sofrido, não mexia na equipa. Por hesitar, por não acreditar que os suplentes pudessem virar o jogo a nosso favor ou por ambas as razões?

Se Akturkoglu estava no banco, não se compreende porque não entrou. Vê-se à légua que escasseiam jogadores rompedores no plantel, daqueles que assumam o 1x1 frente aos defesas (Neres, remember?). A dupla Pavlidis e Ivanovic apenas assusta, Rios será patrão quando entender que a velocidade na Europa é condição para triunfar, as alternativas no centro da defesa escasseiam, mas como nada percebo de futebol só tenho de acreditar e ficar tranquilo, porque a estrutura, com Rui Costa e Lage é que o garante. Curioso como fico preocupado e vamos ver contra o Fenerbahce (de Mou!) se seremos capazes de surpreender.

PS. Com razão, reclamamos de um pênalti sobre Otamendi logo no princípio do jogo, que o árbitro e sobretudo o VAR, se “esqueceram” de marcar. Mas nada pode explicar a “pobreza franciscana” da exibição subsequente. 

2. As eleições do Benfica estão em modo de Verão, um pouco como tudo em Portugal, exceção aos famigerados incêndios a aterrorizar as populações, a desesperar e estourar os bombeiros (salvé!), quantas vezes impotentes para acudir a tantos e ao mesmo tempo. Os apoios dos meios aéreos escasseiam, noticiam-se avarias em diversos, afinal uma realidade incompreensível num país europeu e o eleitor, pagante de impostos, interroga-se sobre a qualidade do planeamento e a eficácia dos políticos gestores, qualquer que seja a cor política. 

Regressando ao Benfica, mesmo em modo estival, ganha-se a percepção de que Xavier terá desistido e de que Vieira irá mesmo avançar, sobretudo quando há notícias que referem que Janela aparece ligado à sua candidatura. Os últimos indícios surgem com a criação de uma Associação designada como “Voltar a Vencer 2025”, com o objetivo de demonstrar a legalidade e transparência das receitas e despesas da candidatura, bem como uns laivos de ideias sobre um Seixal 2.0, um projeto tão caro a Vieira que o pretende como rampa de lançamento desta candidatura.

Quem me leu em crónicas anteriores, sabe que nunca acreditei muito nessa possibilidade de uma candidatura de Vieira, mas a realidade aparenta ultrapassar as minhas convicções. Seja então assim, será a democracia a funcionar e, conhecendo um pouco a personagem, admito mesmo que estará convencido da vitória, se não numa 1a volta, garantidamente numa 2a volta. Setembro aproxima-se a passos largos e, com ele, começarão uma série de sondagens a rivalizar com as eleições autárquicas. 

Com estas, virão as confirmações e decepções entre os potenciais candidatos opositores ao regime atual de Rui Costa (e LFV). Cedo perceberão de que não haverá espaço para todos e a manutenção de algumas candidaturas apenas servirá para desperdiçar votos entre quem quer mudar o regime, podendo até dar-se o caso de uma 2a volta ser disputada entre Rui Costa e LFV. 

Manteigas voltou a aparecer numa entrevista bem gizada ao Record, mas com pouco élan. Cristóvão vai-se mostrando através de diversas carrinhas com o seu nome, estrategicamente colocadas em locais de afluência popular, quer perto do Estádio quer até em bombas da autoestrada para o Algarve. Os restantes, basicamente resguardam-se para a rentrée, com comunicados aqui ou ali a quebrar a modorra.

Falta falar sobre Rui Costa. Depois da apresentação do projeto Benfica District com cálculos de investimentos estimados em 220 M €, amplamente criticado pela oposição, claramente concentra esforços no sucesso desportivo. Passou o Nice e o Fenerbahce será o teste do algodão, por tudo o que representa a passagem ou a eliminação. Longe de pretender dar conselhos, apenas refiro que ainda faltam uns jogadores a recrutar até 31 de agosto, se quiser ter a equipa que sustente a candidatura.

3. Faleceu Fernando Cruz, jogador bicampeão europeu que ainda vi jogar. Um lateral esquerdo, que sem ser virtuoso era competente e duro. Dizem ser a Lei da Vida, mas fazia parte como Coluna, Costa Pereira, Germano ou Eusébio, um pouco das nossas memórias. Paz à sua alma!

Manuel Boto (Socio 2.794)