Um agosto de sucessos!
1. Rui Costa deve respirado de alívio… Benfica conseguiu entrar no almejado Pote 2 da Champions, depois de um jogo parcialmente bem conseguido. Por outras palavras, uma primeira parte em que jogámos muito bom futebol e merecíamos ir para o intervalo com a eliminatória no bolso e uma segunda parte em que jogámos à bola, só não terminando com o credo na boca porque Talisca foi expulso.
Passámos e isso é unicamente o que conta! Lage surpreendeu com uma equipa diferente da que esperaríamos, mas a primeira parte demonstrou estar certíssimo. Se fôssemos com 3 de avanço para o intervalo, ainda assim não espelhava a superioridade demonstrada. Da segunda parte retenho o resultado final e risquei o resto da minha memória até por questões de saúde…
Agora vêm literalmente os tubarões. O sorteio não foi nada meigo e como as coisas são o que são, vamos usufruir do prazer do Benfica estar na Champions, trazendo à Luz o Real Madrid, Bayer Leverkusen, Nápoles e Qarabag e indo visitar Chelsea, Juventus, Ajax e Newcastle. Canja, como certamente concordam comigo.
2. As eleições continuam a fazer o dia-a-dia dos benfiquistas. Depois de LFV, Cristóvão Carvalho e João Diogo Manteigas, foi agora a vez de Martim Lima Mayer e João Noronha Lopes (este com 2 entrevistas, na NOW e Sic Notícias). Pessoalmente, congratulo-me com a informação prestada que considero um enorme sucesso.
Estes são claramente dois candidatos com uma escola de vida feita no mundo empresarial e isso notou-se claramente nas entrevistas. MLM, um pouco nervoso no início, recuperou rapidamente e teve uma boa prestação televisiva, defendendo que estuda e segue a vida do Clube há mais de uma década. Expôs as suas ideias para o futuro, referindo principalmente a internacionalização do clube e marca como suporte fundamental, defendeu o projeto de crescimento do Estádio para 83 mil lugares (quantificando o investimento como 80 M€) e o crescimento da capacidade residencial do Seixal.
Sobre a conjuntura, MLM revelou que no caso da centralização de direitos terá de haver uma forte liderança do Benfica ou irá pagar a fatura. Defende uma parceria internacional que paralelamente invista no futebol português, sobretudo em infraestruturas desportivas dos restantes clubes como fundamental para aumentar o valor do produto “futebol português”. No restante, disse o óbvio, como o Benfica ser dos Sócios como princípio irrefutável da sua proposta, mas reconheceu a exposição financeira que carece da venda de jogadores para o equilíbrio de exploração. Defende um Diretor Geral para o futebol, o que me parece óbvio, não se pronunciando sobre Lage e a sua continuidade (com receio compreensível de “partir a louça”). Terminou a pedir (e muito bem) que a BTV se abra para promover os debates entre todos os candidatos que os benfiquistas anseiam.
Noronha Lopes teve, como já disse, 2 prestações televisivas. Numa primeira, na NOW, teve alguns momentos de hesitação, titubeantes até, que acabaram por ser explorados pelos seus oponentes como se nada mais tivesse dito. Vou cingir-me à prestação na Sic Notícias, onde esteve bastante bem, conseguindo explanar as suas ideias, contudo nem sempre bem sustentadas. Resumindo, quis sempre falar do futuro, sem fugir ao presente e ao passado. Referindo ter excelente equipa de suporte, disse querer sustentar o futuro em 4 vertentes, a saber (1) na vertente desportiva, ganhar é o seu fito, (2) garantir a sustentabilidade financeira, (3) defender sempre o Benfica, aqui pensando seguramente na centralização dos direitos televisivos, e (4) aproximar os Sócios do Clube.
Desenvolvendo um pouco mais, referiu já ter um Diretor Geral, contar com Nuno Gomes e Vitor Paneira para cargos diretivos (será boa ideia?), pretende desenvolver o scouting a formação, para “alimentar” a equipa principal e não como negócio. Ainda referiu fundamental garantir a continuidade dos jogadores no Clube e acabar com a ideia de alguns jogadores que o Benfica é um clube interessante para “outros voos” ( aqui lembrei-me do Ivanovic…).
Deu, “en passant”, umas bicadas em Rui Costa, indiscutivelmente um grande jogador, mas que enquanto Presidente registou falhanços desportivos e financeiros (infelizmente sem especificar, o que não lhe fica bem). Qualificou o projeto do Benfica District como utopia, com a agravante de desfocar as prioridades. Atacou a comunicação do Clube por estar ao serviço de “Rui Costa candidato” ao atacar os outros candidatos, como sucedeu com ele. Finalmente, o apoio a Proença motivou palavras azedas, aqui expressando a opinião da maioria benfiquista.
No futuro, referiu que para além do essencial corte de custos, terá de ter sobretudo o foco no aumento das receitas, exemplificando com (1) a BTV que terá de as aumentar (por exemplo com parcerias com Netflix), (2) com a internacionalização do clube que exponencie a venda de camisolas, (3) com o incremento das anuidades dos camarotes Corporate (propondo estancar os sucessivos aumentos dos Red Pass que castigam os Sócios referindo 19% este ano) e (4) procurar o aumento de seguidores nas redes sociais, sem esquecer (5) o “naming” do Estádio. Sobre os custos, referiu o óbvio, o incremento anómalo dos FSE’s, sobretudo com o Estádio e prometeu uma auditoria. Ainda de referir a ideia de lançar um Portal da Transparência, onde se divulgue toda a informação sensível, desde remunerações e prémios dos gestores, até comissões de intermediação.
Falta apenas Rui Costa aparecer e dizer ao que vem. Sabemos que quer ser candidato, falta conhecer as suas ideias e programa eleitoral. Por enquanto, conseguiu a Supertaça e o apuramento para a Champions. Tem procurado reforços e, convenhamos, até aqui tem acertado nos contratados. Tem havido saídas, umas óbvias como Di Maria, Kokçu ou Belotti, mesmo Carreras e Akturkoglu por diferentes razões, outras nem tanto, como Tiago Gouveia, absolutamente compreensível por querer jogar, mas para mim nunca deveria ter cláusula de compra. Florentino, outro do Seixal, também já terá “a sentença lida”, com muita pena minha, pese as críticas de teor técnico que lhe faço. Em suma, veremos os resultados desportivos se suportam a sua candidatura ou se lhe criam obstáculos que terá de superar.
Agora, vou deixar a campanha eleitoral em paz durante algum tempo, após ter assistido a todas estas entrevistas dos candidatos, a não ser que haja algo de extraordinário que suscite algum comentário da minha parte. Fiz resenhas das mesmas, com as ideias principais que retive e, se falhei algo de relevante, “mea culpa”. Não tenho a ousadia de fazer classificações porque esse nunca foi o meu objetivo, mas apenas, como disse, fazer resenhas para memória futura. Lá mais para a frente voltarei ao tema.
3. O jogo com o Alverca valeu pelos 3 pontos. Depois de um início com velocidade, conseguindo um golo de oportunidade, rapidamente começámos a pensar em gerir o jogo, por vezes com uma velocidade a variar entre o “devagar, devagarinho e parado”. Orgulhosos de não termos sofrido golos nos 7 jogos anteriores, vimos Samuel demonstrar ser uma alternativa muito válida a Trubin, com uma calma, reflexos e segurança entre os postes que nos tranquiliza. O intervalo chegou e o Alverca tinha mais remates do que nós, mas havia 0/2 porque Dedic não se conformava com a modorra e se lembrou de jogar na vertical com rapidez.
A 2a parte foi uma tristeza muito parecida com o que se tinha passado na Amadora. Quando se esperava que saíssemos dos balneários à procura do 0/3, rapidamente começámos a gerir a vantagem, parecendo desconhecer que o Alverca tem uma juventude ambiciosa e vinha de um bom jogo na Amadora (2/2) que parece que ninguém na nossa estrutura terá visto - Lage confessou no final ter ficado surpreendido com a qualidade do Alverca, o que realmente é preocupante.
A vitória ficou como a realidade final. As estatísticas contam apenas como tal, porque os 3 pontos ficaram deste lado (o Alverca ganhou em remates por 11/6, dos quais enquadrados o resultado foi 7/2, conforme a aplicação do FotMob). Mas fiquei preocupado porque, tal como contra o Amadora, não fizemos a diferença que o custo nos plantéis exigiria.
Veremos se esta pausa das seleções nos ajuda, sobretudo a Lage para corrigir algumas posturas da equipa, nomeadamente os adormecimentos a seguir ao intervalo (em que os jogadores regressam galhofeiros a indiciar uma desconcentração preocupante). Os vídeos destes jogos têm de ser revistos e utilizados para corrigir os demasiados erros que temos cometido ou virão jogos que seguramente não ganharemos.
Ainda faltam umas horas para o fecho do mercado e daqui faço um apelo a Rui Costa: vá buscar quem mesmo nos faz falta e não os jogadores que os empresários nos querem impingir.
Manuel Boto (Sócio 2.794)