Avançar para o conteúdo principal

Remover a mecânica da derrota! (por Nuno Paiva Brandão)

 Remover a mecânica da derrota!

Nos últimos quatro anos, com Rui Costa na Presidência, o futebol do Benfica transformou-se no futebol do Sporting dos últimos trinta anos do século passado. Um clube recorrentemente perdedor, com políticas desportivas confusas e recorrendo obstinadamente a justificações exógenas para explicar os seus frustrantes inêxitos. No mesmo período, o Sporting "benfiquizou-se" e alcançou um inédito bicampeonato, abrindo um percurso que historicamente foi típico no Benfica.

Se os benfiquistas não votarem para remover esta mecânica da derrota, a atual liderança do clube consolidará esta desastrosa inversão de personagens desportivos. 

Em nome da estabilidade, um irresoluto Presidente, manteve na liderança do futebol um treinador, Roger Schmidt, com a sua capacidade de direção esgotada. Ironicamente, esta desastrosa opção, produziu o efeito oposto, incrementando a divisão e a instabilidade na equipa e no clube. 

Atualmente, de novo vacilante e confuso, Rui Costa optou por manter um abnegado Bruno Lage, apesar da escassez de resultados, da irregularidade exibicional e das múltiplas oportunidades perdidas nos momentos decisivos.

Os benfiquistas devem ser impacientes com esta mecânica da derrota. Sem voltar ao Benfica histórico dos anos sessenta, setenta e oitenta e situando-nos apenas no domínio recente no período do tetra - de 2013 a 2017 - os benfiquistas entravam no Estádio da Luz com a confiança e o orgulho de quem lidera. Hoje, muitos benfiquistas ingressam no estádio com a mesma paixão, mas com a convicção despedaçada, assombrados pelo pessimismo.

A estratégia recente para o futebol, com Rui Costa e Bruno Lage, é um arquipélago de pontos isolados, de soluções ad-hoc, a partir dos quais não é possível inferir qualquer linha estratégica. Contratações incompreensíveis, vendas prematuras (João Neves), plantel desequilibrado com lacunas gritantes, falta de apostas em talentos da formação, sistema de jogo descompensado (como na ala direita com Tomás Araújo ou Aursnes com Di Maria), problemas reiterados de comunicação, um sem fim de desafios por resolver. 

Devemos ser impacientes com a falta de resultados, com a ausência de clareza estratégica, com lideranças tíbias e com comunicadores confusos.

É necessário remover a mecânica de derrota que se instalou e começou a consolidar no clube. 

Devemos ser impacientes com a falta de autoridade, com a incapacidade em traduzir a grandeza do Benfica em resultados desportivos e financeiros tangíveis. 

É necessário remover a mecânica da desculpa fácil para justificar os fracassos.

É tempo de escutar os novos candidatos à Presidência do clube.

Não se desejam novos “velhos tempos”.

A meu ver, isso exclui da solução, os dois últimos Presidentes do clube. O perfil que pode reerguer o Benfica, perante os desafios brevemente expostos acima, é o de um gestor experiente, com visão estratégica e capacidade de decisão. Alguém com mundo e suficiente traquejo para encontrar respostas ganhadoras na desafiante interseção entre os êxitos desportivos e os resultados económicos e financeiros.

Necessitam-se velhos (anos 60-70-80) “novos tempos” e, por isso, acompanharei com o maior interesse e esperança as campanhas de João Noronha Lopes e Martim Lima Mayer.

Nuno Paiva Brandão (Sócio nº 50.166)