As certezas das incertezas
1. Hoje começa a
época desportiva de 2025/26 da equipa profissional de futebol (masculina) do SLB
e a única certeza que temos é a existência de uma enorme incerteza sobre o plantel.
Se os jogos oficiais se iniciassem no final de agosto, eu ainda estaria
confiante que dentro de 2 semanas tivéssemos estabilizado o plantel para treinar
e competir na altura. Mas não… a Supertaça é a 31 de julho e de rajada temos a
seguir as eliminatórias (cruciais) para a Champions e o início do campeonato.
Olhamos para quem
se noticia que apareceu no 1º dia de treinos e soubemos que 28 jogadores se
apresentaram, o que nos dá a garantia de que não perderemos por falta de
comparência a nenhum destes jogos. Se fisicamente estaremos em condições para
os disputar e se Lage conseguirá dotar o conjunto de um mínimo de competitividade,
são as incógnitas a que apenas a inquebrantável fé benfiquista responde
positivamente.
A coisa agrava-se
se falarmos de reforços ou saídas. Deste lado, com relevância, saíram 3 titulares
durante praticamente toda a época - Di Maria, Kokçu e Carreras - a quem todos
desejamos felicidades, mais uns outros que foram jogando irregularmente –
Renato, Belotti ou Amdouni. Quanto a reforços, “muita parra e pouca uva”,
porque confirmados de tantos nomes falados, apenas Dedic e Obrador. Depois há
os regressos de Tangstedt e Henrique Araújo.
Como já escrevi
há dias, o facto de as eleições serem a 25 de outubro apenas, trouxe a Rui
Costa a responsabilidade de pensar o futuro neste defeso. Fomos ao Mundial de
Clubes e assumi que se durante a competição seria inoportuno chegarem jogadores
para a nova época, para mim era inquestionável que nestes 15 dias o Benfica
teria conseguido encontrar quem pretendia para colmatar as lacunas que a tantos
parecem óbvias. Mas não foi isso que sucedeu e o tempo vai escasseando, entre anúncios
de investimentos onerosos como Félix ou Almada, sem nenhum se concretizar.
Meto aqui um
pequeno parêntesis só para perguntar qual o racional da aposta em Félix: (i) fezada
do treinador Lage, a recordar o Félix que conheceu e anda desaparecido há anos ou
(ii) qualquer outra razão que nos escapa a todos. O tempo o dirá, mas,
entretanto, subsiste a dúvida sobre os milhões que iremos pagar: custo ou
investimento?
Rui Costa tem
claramente a “cabeça no cepo” neste planeamento da época. As aparências não
auguram nada de bom e, com este plantel (se não saírem mais uns quantos), será necessário
um grande “golpe de asa”, de Lage e/ou dos jogadores que serão escolhidos, para
termos o sucesso que todos almejamos. Para já, contra o Sporting, teremos menos
15 dias de preparação além de a equipa ter tido uma sobrecarga excessiva ao
jogar o Mundial. Lá está – para nós, os Sócios que apoiamos sempre, temos a
inquebrantável fé benfiquista que nos faz acreditar, até quando a lógica aponta
o contrário.
2. As eleições
vão aquecendo o Verão. Rui Costa tinha de avançar e assumiu o desafio, não se
encolhendo perante as incertezas da época que agora começa e das quais ele
próprio foi o causador. Terá uma luta muito dura perante tantos adversários
prontos a cobrar os insucessos, passados ou recentes. Nós, os benfiquistas somos
exigentes e não queremos desculpas, mas vitórias.
Como o futebol
profissional (masculino) é o barómetro do sucesso, Rui Costa não tem muito por
onde se orgulhar. Claro que pode falar no sucesso do desporto feminino ou no
futebol jovem em que ganhámos todos os campeonatos este ano, ou ainda nas “amadoras”
onde, nas “profissionais” o basquetebol e o futsal nos trouxeram as alegrias
maiores – mas isto não mexe o ponteiro do sucesso: 1 campeonato nacional em 4
anos é muito curto, sobretudo com os maiores investimentos efetuados em
Portugal e nem as conquistas da Supertaça ou Taça da Liga nos trazem consolo, quais
paliativos para as dores.
Já vimos que, no entretanto,
rolaram muitas cabeças. Lourenço Coelho já terá saído, de Rui Pedro Brás já se
anunciou para outubro a sua saída, entrou Mário Branco como novo Diretor Geral,
tudo em vésperas de eleições. Decisões tardias, tão tardias como os reforços a
chegar. Ricardo Lemos também saiu de Diretor de Comunicação tal como se fala da
saída de Pedro Pinto. Só faltou Lage que sobreviveu a esta “limpeza”, bem
reveladora dos insucessos desportivos. Uma autêntica revolução a 3 meses de
eleições e só me admira deste timing porque quem vier, se não continuar Rui
Costa, quererá ter a sua equipa.
Um dia já o
escrevi e não mudei de opinião: quem não ganha no Benfica tem de sair. Por mim,
entendo que Rui Costa nem se deveria submeter a sufrágio, mas compreendo que o
poder inebria. Este defeso e o sucesso do mesmo, será o que considero a última
oportunidade para Rui Costa evitar a derrota. Para já, como não auguro nada de
bom, embora anseie por me enganar e o Benfica tudo conseguir vencer neste
defeso e eu ter o prazer de aqui voltar, qual Egas Moniz, a “dar a mão à
palmatória”, como resultado do que hoje considero ser um planeamento desconchavado.
3. Uma palavra
final para a Taça de Portugal. A derrota já passou, o resultado ficou, mas a
memória jamais esquecerá aquela pisadela de um jogador do Sporting a Belotti
que o VAR viu, mas não quis intervir, ao abrigo de uns quaisquer articulados na
lei que distorceram a verdade desportiva. Perante as confissões efetuadas pelos
árbitros envolvidos, não há matéria para se considerar um erro técnico de
arbitragem e repetir a final?
Manuel Boto
(Sócio nº 2794)