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Reflexão amarga conduz à necessidade de eleições

Ainda sob a amargura de uma derrota (injusta), entendo que o momento é o adequado para se fazer uma pequena reflexão sobre o fracasso da época. Sei que falta disputar o Mundial de clubes, mas considero esta competição uma excrescência, apesar do seu indiscutível interesse desportivo (para o que fizerem boa figura) e financeiro.

O jogo de ontem deixou vários amargos de boca. A derrota foi apenas um deles, mas o como aconteceu, o como se materializou, foram exemplos de uma época que começou mal (com Schmidt) e o que “começa mal tarde ou nunca se endireita”.

Foi um campeonato, oferecido de bandeja ao Sporting ao fazermos o mais difícil que foi recuperarmos a diferença pontual que tínhamos após 11 jornadas e depois “conseguimos” desbaratar a liderança por 3 vezes e nem soubemos “matar” o campeonato na Luz contra o Sporting. Foi a Taça, em que claramente fomos superiores ao Sporting durante todo o jogo e perdemos no último minuto dos descontos (tal como contra o AVS, Barcelona e Arouca), para depois no prolongamento soçobrarmos sem apelo. Tudo por culpa própria, afinal a consequência de várias decisões tomadas por uma Direção inexperiente e um treinador (Lage) voluntarioso e trabalhador, estudante de livros, mas sem carisma ou liderança para uma nau como o Benfica.

Mas tenho de voltar à final da Taça para falar de quem tanto ansiou por passar despercebido (a arbitragem liderada por Luis Godinho) e acabou por ser triste protagonista. Como disse muitas vezes, apenas os derrotados falam das arbitragens, mas desta vez tenho mesmo de escrever sobre ela, jamais como desculpa para a derrota, apenas porque há coisas que não podem passar impunes. O pisão aos 94’ que um jogador do Sporting deu ao Belotti e que o VAR (Tiago Martins) não viu, fica para os cânones dos erros de um VAR. Quem comete erros deste nível não tem quaisquer condições para continuar na arbitragem (tal como o jogador que faz um ato destes não deveria jogar futebol em qualquer clube e menos ainda no Sporting – Varandas quer dar o exemplo?). O resto da arbitragem? Na minha opinião sempre a inclinar o campo, vendo qualquer falta ou faltinha contra o Benfica, não vendo nenhuma nas imediações da área leonina. Adiante, porque não soubemos ganhar e, nisso, a responsabilidade é inteiramente nossa.

Voltemos ao importante: a gestão! A época foi mal planeada, com lacunas importantes em alguns setores da equipa, tardiamente solucionadas algumas e outras nem isso. A cereja no bolo, foi o estarmos a fazer fretes a alguém ao aceitarmos trazer lesionados do PSG para o plantel – depois de Draxler e Bernat, agora Renato (que demonstrou bem durante toda a época porque não pode continuar, nem oferecido – como sugerem as recentes notícias). Schmidt era solução esgotada e não se ousou rescindir no final da época passada, custando esta não-decisão diversos pontos que fizeram muita falta no final. Quando se esperava um treinador de equipa grande para tomar conta dos cacos em que estávamos, vem um Lage, baratinho certamente, que nem no Wolves ou Botafogo se conseguiu impor e ninguém soube interpretar estes falhanços para evitar tamanho erro de casting que a época demonstrou à saciedade. Conclusão: erros sobre erros, principalmente cometidos por uma Direção que incorpora um Presidente (Rui Costa) que conhece o futebol como poucos, mas faz erros de principiante, acreditando que tudo “vai correr bem”. O surreal da época é que até poderia tudo ter acabado em beleza, mas ficou o quase porque os detalhes, absolutamente fundamentais, nos fizeram soçobrar.

Precisamos de repensar o Benfica, como um todo. Esta a ilação que temos de retirar de uma época falhada, em cima de tantos falhanços nas últimas épocas. Claro que não é apenas o futebol, sendo as questões a resolver absolutamente estruturais, porque são também as amadoras onde se gasta para cima de 30 milhões de euros, é toda uma organização bem pesada que o futebol tudo suporta, em conclusão, são demasiados problemas que urge resolver.

Não faço a mínima ideia se Rui Costa quer ou não continuar, embora seja crível que se tivéssemos ganho o campeonato até antecipasse as eleições de outubro para tirar proveito das circunstâncias. No entanto, porque precisamos de clarificar o que pretendemos para o futuro nas diversas vertentes do Clube, também no futebol, que é o "core" da nossa atividade, sobretudo de pensar a próxima época (e as seguintes) e como o tempo é um ativo que claramente não temos, Rui Costa deveria, pelo Benfica, antecipar eleições.

Manuel Boto (Sócio nº 2.794)