Consumado está! Não foi surpresa a vitória do Sporting no Campeonato, a consumar o 3º título em 5 anos. Tal como eu já tinha referido jogou-se a 10 de maio, na Luz, a hegemonia do futebol português. Não soubemos vencer, de nada nos podemos queixar.
O último jogo do
campeonato, em Braga, explicou bem diversas das nossas insuficiências durante a
época. Oportunidades perdidas (2) de forma infantil, um penalti oferecido a
colocar o Braga em jogo até aí completamente dominado, a necessidade de correr
atrás do prejuízo como tantas vezes nos aconteceu durante o ano, um golo
“inventado” por Pavlidis e, em superioridade numérica, demasiados espaços
concedidos entre setores que possibilitou a S. Trubin, por mais de uma vez,
salvar o empate. Se tivéssemos ganho na Luz ao Sporting (e/ou ao Arouca) eramos
campeões.
Uma das desculpas
características dos perdedores são as arbitragens. Não vou por aí. Bramar
contra os árbitros pode dar muito jeito a quem tem de esconder as
insuficiências próprias, de gestão ou de estratégia ou outras, mas eu prefiro
ser pragmático e assumir que não soubemos ganhar.
Nunca é demais
repetir que estivemos 3 vezes na liderança e por 3 vezes fomos ultrapassados.
Na Luz tivemos a possibilidade de matar o campeonato e depois disto tudo há
quem goste de falar de arbitragens?
Falta um jogo
ainda esta época: a final da Taça contra o Sporting, moralizado com a conquista
do Bicampeonato. Um jogo em que poderemos demonstrar a injustiça de não termos
ganho o campeonato ou um jogo em que se confirma a justiça da vitória leonina?
Anseio pela 1ª hipótese como benfiquista que sou, mas, não sendo cego,
reconheço de imediato que este ano ainda não lhes ganhámos e não é por acaso
certamente. Uma derrota em Alvalade e 2 empates (final da Taça da Liga decidida
nos penaltis).
Vejamos como Lage
monta a equipa, se nos surpreende (e ao Sporting) com algum “coelho tirado da
cartola” (leia-se alguma surpresa na constituição da equipa). São 90m em que ou
a superioridade do Sporting se confirma ou se conseguimos ficar com uma pequena
alegria, ao estilo de “não saiu a taluda, mas ficámos com a terminação”.
Pessoalmente gostaria imenso de lá ir, porque seria mais uma de muitas a que
assisti, com mais vitórias do que derrotas, mas uma festa bem especial do
futebol português.
Enquanto todos
aguardamos pela final da Taça, muitos benfiquistas legitimamente se vão
pronunciando sobre o que entendem ser as causas estruturais da “débacle” no
campeonato. Registo as críticas pertinentes (i) à gestão do Clube que
corroboram o que há muito venho alertando, sobretudo em artigos que escrevi nas
pausas do campeonato, (ii) à dependência de interesses que eu igualmente dificilmente
perceciono como sendo exclusivamente do Benfica, (iii) às lacunas no plantel
que pura e simplesmente não se compreende, por serem tão gritantes, como
demoram tanto tempo a serem corrigidas, ou (iv) à megaestrutura do Benfica.
Como era
previsível, com o desaire no campeonato, as eleições passaram a estar logicamente
na ordem do dia. Até arrisco dizer que se o Benfica tivesse ganho o campeonato,
certamente que Rui Costa anteciparia o ato eleitoral, procurando surpreender
quem se possa apresentar como alternativa. Assim, não surpreende que o ato
eleitoral acabe por ser em outubro e se ouça (i) que Rui Costa, ainda ferido
pela derrota, hesite em se candidatar, (ii) que Martim Lima Mayer se irá
apresentar em junho, respaldado no ativo de ser neto de Borges Coutinho, (iii) que
se murmure que Noronha Lopes sempre vá avançar e (iv) continua a dar-se por
adquirido que Manteigas será candidato. Quantas verdades daqui por uns tempos?
Ainda a final da
Taça não se jogou e, em vésperas deste jogo, sob as emoções da derrota que
qualquer benfiquista não consegue digerir porque tudo tivemos para ganhar, aquecem-se
os motores para um Verão escaldante. Uma coisa é certa: muito terá de mudar
para o 39 não passar a ser uma miragem nos anos mais próximos.
Manuel Boto