Há muitos anos, eu ouvia com regularidade uma frase bem bonita… Ganhar ou perder, tudo é desporto! Hoje, um amigo meu sportinguista, superconfiante na vitória das suas cores (desportivas) repetiu-me esta frase para me animar… Sorri, condescendente, limitando-me a retorquir-lhe “pelas 20h de amanhã, terei o maior prazer em te relembrar desta frase…!”
Este jogo da
jornada 33 entre Benfica e Sporting tem tudo para ser a final do campeonato e
isso é uma realidade de que não tenho memória - de alguma vez chegarmos à
penúltima jornada com um jogo em que ambos podem sair campeões nacionais. Se,
só por si, o derby eterno de Lisboa não fosse suficiente para arrastar
multidões, esta possibilidade de qualquer dos contentores se poder sagrar
campeão, provoca uma adrenalina por antecipação aos adeptos de ambos os clubes.
Como benfiquista
que sou, acredito piamente na vitória, seja ela curta ou folgada. Temos o
principal para ganhar, ou seja, um plantel com jogadores suficientes para
formar 2 equipas para qualquer delas ser campeã. Jogar no nosso Estádio é (teoricamente)
uma vantagem indiscutível, embora, a este nível, as grandes equipas joguem em
qualquer estádio para ganhar. Claro que me podem perguntar que, se eu mesmo
acredito nesta convicção inabalável, então, qual a razão que explica não
estarmos destacados em 1º lugar? Depois do campeonato responderei a esta
questão, com o maior prazer.
Contudo, há algo
que falta dizer sobre esta final: não tenho dúvidas que, quem ganhar, vai ter
maiores probabilidades de alcançar a hegemonia do futebol português! Para mim
esta é a principal consequência da vitória de qualquer dos contentores no jogo
de amanhã. Também por isso, o Benfica tem de ganhar.
A vitória no jogo
de amanhã irá certamente garantir a presença do vencedor na Champions, a liga
milionária que é essencial para a tesouraria de qualquer Clube (o FC Porto que
o diga!). O que perder, terá certamente 2 eliminatórias pela frente para se
conseguir apurar, ou seja, irá fazer o caminho das pedras - no caso do Benfica,
um percurso agravado pela ida ao Mundial dos clubes que poderá ter impacto na
condição física dos jogadores, quando da disputa das eliminatórias.
As receitas da
Champions são atualmente cruciais para a sobrevivência económica dos grandes
clubes em Portugal. Se dantes apurávamos 2 equipas portuguesas, a fraca
performance desportiva do conjunto das equipas portuguesas na Europa, levou-nos
a perder uma delas (e, a continuar assim, sem reformas estruturais na Liga
portuguesa, ainda nos arriscamos a ir jogar apenas a Liga Europa).
Regressando ao
tema central deste artigo, o vencedor do jogo sairá, não só com a certeza (ou
quase) de ser campeão, mas também altamente motivado para a final da Taça de
Portugal, daqui por 2 semanas e, com os cofres a aguardar os muitos milhões da
Champions. O que perder, para além dos aspetos psicológicos da derrota, irá
forçosamente ter de refazer os orçamentos financeiros do ano que vem. Sendo as
derrotas como “a pescadinha de rabo na boca”, os ditames financeiros poderão
exigir a alienação dos ativos de elevado valor, sem quaisquer certezas de que
as novas aquisições conseguirão garantir que a qualidade competitiva não se
perde.
Percebem porque
insisto na importância da vitória, em contexto do apuramento de uma única
equipa para a Champions? Porque os círculos podem ser (i) virtuosos, com
vitórias a trazer novas vitórias no futuro ou (ii) ou viciosos, com derrotas a
anunciar novas derrotas no futuro.
Dito isto,
“Carrega Benfica”! Vamos lá ganhar o jogo e iniciar um círculo virtuoso!
Manuel Boto