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Frustração

Qualquer benfiquista saiu da Luz com uma frustração do tamanho da Catedral… Não fui exceção e seria impossível que o fosse. Sempre acreditei que a qualidade do plantel fosse suficiente para ganhar a um Sporting com (alguns) excelentes jogadores, mas na minha opinião francamente acessível a este Benfica, tivéssemos jogado como eu sonhei que jogaríamos.

Cerca de 48 horas passaram e, mais a frio, reconheço que as dificuldades eram maiores do que antevi. Se no Dragão entrámos a meter um golo, na Luz entrámos a sofrer um golo, muito oferecido porque a jogada está nos livros que Amorim lá deixou e bastava termos visionado quais as jogadas clássicas para sabermos como as defender. Gyokeres lá foi, não rematou, mas passou a um Trincão que, sozinho, “trincou” o Benfica. Tantos treinadores lá tem o Benfica e ninguém estudou como era? Ou os jogadores vinham a dormir do balneário e ainda não tinham percebido que o jogo já tinha começado?

Depois lá reagimos, com alma e pouca cabeça, Otamendi escapa aos 17’ ao 2º amarelo (como Araújo aos 80’ no jogo do Sporting com o Gil Vicente) e é empurrado na área (25’), lance em que só o árbitro e o VAR não viram. Ainda na 1ª parte, uns remates que assustaram o Sporting (contei 2 realmente com perigo do Di Maria), mas tudo muito poucochinho para a qualidade anunciada dos nossos jogadores.

A 2ª parte foi bem diferente, mais Kokçu, mais velocidade, mais inteligência, mas sem capacidade de penetrar no bloco (super) baixo do Sporting, já preocupado a queimar tempo. Pavlidis inventa literalmente um golo que Akturkoglu carimbou e a partir dali até ao lance do remate do Pavlidis ao poste, foi um amassar do adversário que respondia como podia. Hjulmand escapa igualmente ao 2º amarelo no meio do turbilhão e entre um querer enorme e um poder escasso, chegámos aos 97’ com empate.

Em suma, não ganhámos e nunca deveria ser surpresa, para quem como eu assistiu a todos os jogos desta época. Tantas aflições desnecessárias (ex: Estoril, Amadora, Farense), tantos pontos perdidos por falta de cabeça (ex: Aves, Arouca, Casa Pia), alguns jogos ao nível que imaginamos a equipa capaz (Mónaco, Atlético Madrid, FC Porto ou Barcelona na Luz), só o coração e a alma benfiquista nos levava a uma crença irracional. Caímos na realidade e de máquina de calcular na mão…

Claro que o Guimarães é uma equipa fantástica que pode não perder em Alvalade e, em Braga, claro que certamente iremos ganhar. Mas onde podíamos e devíamos ganhar, não ganhámos. Esta a realidade que obriga a SAD e sua Administração a enormes reflexões depois do final da época, enquanto aguardamos pelo Mundial de Clubes. As aquisições que fazemos e as que obviamente deveríamos fazer pelas claras lacunas no plantel, os mercados que deveríamos explorar primordialmente, as parcerias com o PSG a receber jogadores lesionados na vã expectativa da sua recuperação e, “last but not the least” qual o perfil de treinador que queremos.

Falta a última jornada, os milagres podem acontecer, mas as probabilidades são diminutas. Tivemos tudo na mão por 4 vezes neste campeonato, das quais 3 lideranças perdidas e 1 jogo na Luz onde tudo podíamos e deveríamos ter resolvido. Falhámos! Apostamos agora nos bambúrrios da sorte. Se calhar, a frio, o campeonato até está bem entregue…

Manuel Boto