Avançar para o conteúdo principal

Quem dá o que tem…

 Quem dá o que tem…

… a mais não é obrigado! E a realidade nua e crua é que estamos muito longe das equipes da elite europeia! Terminou o Mundial (e oficialmente a época) e os jogos contra o Bayern (que até vencemos por 1/0) e Chelsea demonstraram à evidência quão longe estamos do valor intrínseco dessas equipes.

Muito para além do domínio avassalador a que fomos sujeitos em ambos os jogos com as estatísticas cruéis a demonstrar como fomos subjugados, foi claramente percetível a mentalidade “pequena” do nosso treinador Lage, reconhecendo “ab initio” a superioridade dos adversários, dando-lhes de bandeja o domínio do jogo, acantonando bem atrás a equipa, procurando saídas preferencialmente em passes longos que as defesas (com raríssimas exceções) “chamavam um figo”.

Aquilo que mais me chocou nestes jogos foi claramente a diferença de poder físico entre os jogadores. Os nossos, com exceção de Otamendi e Renato (enquanto jogou), são todos muito macios, sempre a perderem nos duelos corpo a corpo, contra os adversários que nos roubavam a bola vezes sem conta, muitas delas ainda na nossa intermediária. Ou seja, isto é muito mais do que insuficiências do treinador Lage, é principalmente devido a lacunas graves na construção do plantel,  ou seja, “falta de peso”.

A época, teve momentos bons, uns jogos que recordaremos para memória futura, em que relembro a vitória 4/0 sobre o Atlético de Madrid, mesmo a derrota 4/5 contra o Barcelona e este resultado contra o Bayern, onde conseguimos a primeira vitória de sempre, contra todas as expectativas. Em vitórias, a Taça da Liga, apenas e só. Na Champions fomos até aos quartos de final e agora, neste Mundial, até aos oitavos de final. Muito, demasiado curto, para mim.

Portanto, Caro Rui Costa, é mesmo tempo de balanço. Neste balanço, parece inequívoco que muito há que mudar e, dado que as eleições serão a 25 de outubro, é inequívoco que lhe compete, a si e à sua equipa, a preparação da nova época. Assim, vou dizer-lhe, sem tibiezas, o que se me mete pelos olhos dentro:

·       Lage não tem qualidade suficiente (ou estrutura, se quiser) para ser um treinador com a dimensão do nosso Benfica; não pode cometer o mesmo erro de há um ano, quando decidiu aguentar Schmidt que era solução esgotada; nesta matéria, já fez demasiados erros (1) renovação precoce de Schmidt, por valores proibitivos; (2) manutenção de Schmidt para a época 24/25; (3) contratação de Lage, um treinador que foi dispensado do Botafogo e Wolves, qual promessa de que seria o Benfica a ressuscitar-lhe a carreira.

·       o plantel tem jogadores a mais e qualidade a menos em diversas posições; no conceito de qualidade englobo a necessidade ter jogadores com físico, porque claramente é lacuna gritante, dado que nos sobram pesos-pluma.

Em suma, tem, no imediato, tarefa ciclópica. Com a Supertaça à porta (31 de julho, logo contra o Sporting onde perder não é admissível), os jogos da Champions logo a seguir em agosto (onde a qualificação é obrigatória), os jogadores quase sem férias a entrarem física e mentalmente cansados na época 25/26, as urgentes decisões sobre contratações e dispensas porque o plantel precisa de uma revolução, a decisão sobre o treinador Lage, mesmo após a promessa feita de continuidade, tudo isto são urgências para as quais as 24h por dia dificilmente chegam. 

De tudo isto dependerá o sucesso desportivo da época 25/26, muito para além de saber quem vencerá as eleições. Aliás, eu até diria que a sua imagem como Presidente dependerá tudo das próximas 7 ou 8 semanas. Mas o que mais me impressiona é que após 4 anos como Presidente e muito conhecedor do futebol, por uma carreira ímpar que o tornou ídolo por onde passou, deixou chegar a equipa a este nível que nem no mercado interno se consegue afirmar, apesar das muitas centenas de milhões, mais gastas do que investidas.

A terminar, creio que seriamente deverá ponderar se a sua recandidatura é opção certa para o Benfica. Eu já o escrevi e mantenho: “sem vitórias no Benfica, há que mudar!”. E mantenho a minha ideia. Estes 4 anos foram-lhe demasiado penosos, com poucos sucessos desportivos. Saberá o que fazer, mas ainda acrescento que, se pretender ir a eleições, tem de renovar a sua equipa e não me refiro apenas à equipa diretiva, mas também e sobretudo à equipa que diretamente gere o futebol (Lourenço Coelho e Rui Pedro Braz) que ninguém compreende os benefícios que trouxeram, tamanhos os inêxitos somados.

PS. Ganhar o Futsal soube muito bem, pela justiça da vitória, alimentada com muito querer de todos os jogadores e sabedoria do seu treinador, Cassiano Klein. Esta vitória e a do basquetebol (salvé Norberto Alves), trouxeram alegrias que todos os nossos Sócios e adeptos bem merecem!

Manuel Boto (Socio 2794)