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Nem sabor a mel, mas algum a fel…

 Nem sabor a mel, mas algum a fel…

1. Uma semana desportiva que futebolisticamente termina menos mal, depois de mais uns episódios bem tristes à volta das eleições, a propósito do Regulamento Eleitoral. Do fim para o princípio, tivemos um empate tirado a ferros no Porto, num jogo taticamente muito bem jogado de parte a parte, se considerarmos os objetivos de cada treinador.

No entanto, não me consigo regozijar com o empate, porque para além de não festejar empates (onde é que já ouvi isto?), ouvi o pragmatismo de Mourinho ao reconhecer que não poderia sair do Dragão a 7 pontos. Com isto, veio colocar o dedo na ferida que me amargura desde há alguns jogos: não temos plantel para ambicionar muito mais do que ir lutar pelo empate ao Porto.

A insistência de Lage nestes 11/13 jogadores já indiciava que o plantel era curto. Poucas substituições, a equipa a ficar visivelmente cansada e a perder pontos nas partes finais das segundas partes, a mensagem era clara. Caiu Lage, veio Mourinho e nada mudou a não ser uma muito melhor disposição tática como se viu no Chelsea e Porto, a defender resultados, basicamente sempre com os mesmos, com curtos intervalos de descanso entre os jogos.

No Chelsea, fomos derrotados por uma infelicidade de Rios, porque acredito que se tal não sucedesse, seria como ontem, em que saímos do Porto com um nulo e os mesmos 4 pontos de atraso, sem sorrisos, mas claramente com a sensação de dever cumprido. Tivemos diversos jogadores que por tudo o que qualitativamente jogaram, cumprindo escrupulosamente o que Mourinho lhes exigiu, merecem os maiores elogios de qualquer benfiquista, mas saliento Rios, um jogador que trabalha sempre imenso, com um potencial enorme de crescimento e que soube ultrapassar, com maturidade, a infelicidade de Chelsea.

Agora? Mourinho vai gerir estes 3 meses até janeiro e pedir os reforços de que precisamos para almejar o campeonato. Isto parece-me tão cristalino como a dispensa de alguns com que claramente não conta para os grandes momentos e que possam ajudar a financiar as compras dos que necessitamos. Manu e Bah serão alternativas para a segunda metade da época, mas regressados de lesões complicadas serão incógnitas e o que vier por acréscimo é ganho. 

Pelo meio, as eleições e, ganhe quem ganhar, espero sinceramente que tenham a lucidez de apoiar o treinador. Não temos tempo para birrinhas pessoais ou luta de egos se queremos ter alguma hipótese de ser campeões este ano. Há que planear certeiramente as aquisições de janeiro, também pelos jogos difíceis que teremos na Champions. Se todos queremos o mesmo, nada como lutar juntos pelo mesmo.

2. Por falar em eleições, perspetiva-se uma lamentável batalha jurídica assim que as mesmas se realizarem e, qualquer vencedor que seja declarado, a única certeza que tem é que não poderá festejar, porque as mesmas vão ao VAR (tribunais). Tudo, porque uns candidatos (pelo menos Manteigas e Noronha ao que os ouvi, porque Mayer defendeu a aprovação) entenderam que não poderiam votar favoravelmente o Regulamento Eleitoral. 

Os argumentos aduzidos basearam-se no facto da Mesa da Assembleia Geral não permitir alterações ao documento proposto a votação. Parece que não chegou a muitos a experiência dos Estatutos, onde um documento com uma estrutura jurídica sofreu demasiadas alterações ao sabor de populismos, ficando no seu final um documento com alguns artigos juridicamente questionáveis e outros que colocarão enormes dificuldades na sua exequibilidade prática.

Seja como for, a realidade em que nos encontramos é que os Estatutos exigem que as eleições se pautem por um Regulamento aprovado em Assembleia Geral e não o temos. Em artigo publicado no Mais Futebol, o Dr. João Lobão mete e bem o dedo na ferida, apontando as possíveis consequências dessa irregularidade, apesar da tentativa da Mesa da Assembleia Geral, agora a tentar salvar a situação com o Regulamento de 2021 (devidamente adaptado aos Estatutos aprovados).

A isto nos conduz as precipitações de alguns e, para ser justo, igualmente a tardia tentativa de aprovação do Regulamento, a não deixar grande margem para consensos que possibilitassem a elaboração de um Regulamento juridicamente sustentado e que fosse minimamente consensual. Aprovados os Estatutos a 8 de março de 2025, havia necessidade de esperar por 27 de setembro de 2025 para submeter o Regulamento à aprovação dos Sócios? 

Manuel Boto (Sócio 2.794)