Aproximam-se as grandes decisões da época, campeonato e Taça de Portugal. Se pensarmos bem, até poderíamos estar já com o título no bolso, tantas as oportunidades que desde o Natal tivemos para cimentar a liderança. 3 vezes na frente, 3 vezes facilitámos e, mesmo assim, estamos empatados com o Sporting no 1 lugar.
Cresci numa época em que o Benfica quando cheirava a título era imparável. A equipa parecia uma máquina trituradora, liderada por capitães como Coluna, Simões, Humberto (75 parabéns!), Veloso, Luisão, entre tantos outros que nos trouxeram aos 38 títulos, a demonstrarem uma superioridade inequívoca no panorama nacional que nem os anos dourados do FC Porto ofuscaram, tamanha a nossa grandeza.
Hoje, temos um capitão (Otamendi) de igual escol, um plantel para fazer 2 equipas a lutarem pelo título nacional e aqui estamos a fazer contas dos pontos que iremos fazer ou que os nossos adversários irão fazer, máquina calculadora na mão a pensar como o futebol é ciência incerta e enorme caixinha de surpresas.
Lage chegou em princípios de setembro, herdando um plantel do tempo de Schmidt, por ele escolhido ou aceite de uma estrutura que depois de tantas aquisições nos deixou com graves lacunas no plantel por demais conhecidas, a obrigarem a sistemáticas adaptações. Janeiro foi um bom mercado para nós, infelizmente sem o sucesso total porque Manu Silva se aleijou.
Faltam 4 jogos para terminar o campeonato e 1 para a Taça. Todos no Benfica apenas conhecemos um único lema: ganhar ou ganhar. Mas também assim o era com o Casa Pia ou o Arouca e voaram 5 pontos que hoje nos deixariam bem confortáveis, com o título na mão. Entre estes 4 jogos, temos um aflito AFS SAD na Luz, um Estoril que sempre nos complicou (e muito) a vida, de novo na Luz o Sporting de Hujlmand, Gyokeres e Trincão onde a tripla é aposta conservadora (tenho memória!) mas em que uma vitória teria efeito esmagador e poderia ser fundamental para a conquista da Taça e, a terminar, um Braga que é sempre uma incógnita dado ter potencial para derrotar qualquer equipa em Portugal. A final da Taça é festa, mas para nós, benfiquistas, só há festa com a Taça na mão.
A crença é enorme, assim Lage o justifique. Em casa, temos tido algumas dificuldades a jogar contra equipas de bloco baixo (e não só) em que a criatividade é fator de diferenciação e, por isso, não se pode desperdiçar talento. Lage há uns anos surpreendeu, ao ir buscar João Félix ao banco, soltou-o no campo e este fez a diferença num jogo com o Sporting que resolveu no final. Porque não repetir esse rasgo e pegar em Prestianni que faz lembrar esse predestinado que se perdeu ao sair do Benfica e, na minha perspectiva, não deveria continuar “escondido” ou a jogar em posições absurdas como a de lateral direito (final do jogo com Tirsense na Luz) para poder explodir em todo o esplendor.
Lage terá o seu tudo ou nada neste final de campeonato e depois na Taça. Pede-se-lhe clarividência e ousadia, utilizando os melhores, no sentido literal da palavra, englobando estarem na plenitude das condições físicas, sem lugares cativos, por estatuto ou passado histórico. Perceber isto pode ser a diferença entre ganhar ou perder e recordemos que esta palavra não existe no léxico benfiquista (Artur Semedo dizia “o Benfica nunca perde, apenas por vezes não ganha).
Que Lage saiba ser “sage” e todos estaremos de parabéns.
Manuel Boto
Socio 2794 do SLB